8/21/2006

luz própria

foto-shop-ber.


onde eu vi um satélite havia luz própria

fui eu que perdi.

na procura de um sol vedado de tocar

não me aqueci em ti.

8/14/2006

contraluz

stan trampe

só de escrever-te, o teu corpo entra-me casa dentro

invade-me os sentidos e eu não quero sentir nem recordar


queria escrever-te se soubesse. dizer-te toda nua e o teu pensar

sim, porque o que pensas é o melhor de ti ou quero que seja


que é que importa, se não te sei escrever inteira como és?


mas se queres entrar bate-me antes à porta

para eu não tremer de cio à tua vista, mal te veja trepar

para a varanda, como de costume, em contraluz.



8/10/2006

Conta-me!

Peter Gedei


Diz-me como é ser gruta e ter-me dentro
que eu sei todos os côncavos de ti!

Diz como é nem ter espaço para o vento
quando busco e rebusco a macieza
dos rugosos cristais da caverna-certeza
onde, seguro, assento mais uma vez
este pilar de mim.

8/03/2006

Rasgado

norbert felzl

Entraste-me nos sonhos

Como um demónio velho de unhas afiadas

Entraste e não saíste mais.


Qual vinho espirituoso perturbaste-os

E eu já não sabia se sonhava

Ou vivia acordado a tempo inteiro


Tive raiva de início às tuas mãos a enlear-me os cabelos

Amo a minha solidão escolhida

Nem por instantes te quis nos sonhos ou na vida


*

Amor, porque tens esta manhã o vestido rasgado

E eu o dorso marcado dos teus dentes ?

E olha que ainda dói...

Ris-te? porque não sentes!


De que é que falas? sei lá como isso foi!

*

Este demónio que me entrou no sonho

Já não tem hoje nada de medonho

E eu só quero dormir para sonhar mais.


7/31/2006

by Paul Mahder


Quem não nos conhecesse em quem mais pensaria, ao entrar pela porta que deixaste aberta

como quem convida, numa obscena oferta: entrem e venham ver!?

Mas entrei eu. É tarde para saber se era a mim que esperavas.

É tarde para saber seja o que for, até o que senti: repugnância ou dor?


Ah como eu queria deitar fora o odor que saía dos dois corpos suados!

Como eu gostava hoje de seguir-te o rasto cheio de estrelas

Mas não consigo vê-las de olhos consporcados.

E foste tu quem os cegou de vez para as coisas belas.


Hoje caminho pelos caminhos escuros sem quaisquer ilusões.

Desdenho do brilho do sol nos lençóis de água

E bebo o ácido vinho das tabernas, não para me embebedar

para esquecer apenas, o contorno irreal das tuas pernas.

7/29/2006

Fim?

by Tony

Caminhava sozinho a habituar-me. Queria costumes que não te envolvessem.

Fins são fins!

Não gosto de retornos. O recomeço é enquinado de passado.

Mas tu passas por mim e sigo-te sem querer ...

Que hábito o teu: deixar astros no rasto!

7/27/2006

Meu mar

at sfondideldesktop

Fui ao fundo de ti como quem busca pérolas
em grutas feitas conchas agrestes e crespadas

Fui ao fundo de ti e aprendi-me mais
do que consegui suportar ver de mim

Nada como um ventre de mulher
para nos contar a história deste Mundo

Subi, mas voltarei para ir ainda mais fundo
para tentar nadar no fundo do teu fundo.

Abre e deixa-me entrar, hoje sinto-me
muito mais mergulhador fecundo.

7/25/2006

Aurora

dale carter

aurora, nome de gente e sol rompente

aurora. amarelo a vencer a noite numa mancha suave
como me eram os teus dedos nos cabelos

foste tão quase quase minha, meu amor.
mas ser minha era muito exigente

era uma punhalada dos sentidos
nos nossos corpos, até roçar a dor.

temeste a intensidade ou fui eu que a temi?

nunca há uma verdade, apenas uma.
o certo e o tudo errado é que fugi.

7/24/2006

Espera

marko mueller

esperaste tempo a mais. a espera dói, eu sei. mas não me julgues mal

aprendi tarde.


só depois de perder-te e ficar horas que me parecem anos,

arranhando-te os vidros da janela

gato vadio que sou e que fui sempre.


é inverno cá fora, dentro a mim

abre escuta! nada do que possas fazer me fará pior

do que este ignorares a própria dor

fingindo que não queres abrir-me a porta.

egor dawn mercedes

7/23/2006

nasci no Inverno

Daniel Clark Orey

aprendi a andar já com flores nos caminhos

mas há tanto caminho por andar e eu quero morrer no Outono.

com cores mansas a aplanar-me a velhice dos passos


tanto me faz dormir em vãos de escada como em casa de
amigos

eu só deito o corpo, nunca durmo

e sou maníaco, trágico, taciturno

e ainda por cima sei isso tudo e não me importo nada!

pior és tu, que voltas sempre que fecho os olhos

abrir dentro dos meus os teus, na calada forma de estar

que és dentro de mim. e eu beijo esse olhar que amei e sei.

que é que me importa a morte? quero é essa cor de olhos na calçada

e também quero morrer de madrugada.


Fallengelna


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